quinta-feira, outubro 23, 2003

A arte das máquinas

A GNR comprou há cinco anos uma máquina de impressão, por módicos 200 mil euros.
Como a GNR, ciosa do dinheiro do contribuinte, gosta das coisas cuidadas, a máquina continua empacotada. Por coincidência, nunca foi usada.
O equipamento devia servir para imprimir internamente a publicação de referência (Público, cuida-te) "Pela Lei e Pela Grei»". Para os mais distraí­dos, grei é uma tinta especial de cor cinza, usada para colorar os bigodes dos guardas.

A justificação dada para a ocorrência (belo termo, este) foi não ser possí­vel montar o centro gráfico nas instalações do quartel da Graça, sendo também impossí­vel transportar o equipamento para o quartel do Carmo. Claro.
Naturalmente, congratulamo-nos com esta resposta razoável e convincente, demonstradora das qualidades de planeamento e decisão firme que felizmente caracterizam as nossas forças militarizadas, um espelho do paí­s.

Na tentativa de minimizar os estragos, o Comando Geral estuda a possibilidade de pedir ao Tribunal de Contas uma autorização especial para que o equipamento seja trocado. Surpreendentemente, a empresa não «se mostra interessada» na proposta dos antigos clientes, que implicaria devolver equipamento obsoleto. Aquando do telefonema recebido do comandante da GNR, terá mesmo ficado registado em fita magnética o riso histérico do gerente.

Sem comentários: