terça-feira, fevereiro 03, 2004

Pomodorino al pomeriggio



Parece-me que o futebol, infelizmente o Porto também (embora eu o negue, se confrontado), é mais um exemplo do pior de que somos capazes. A maior tristeza é exactamente ser das poucas coisas em que somos relativamente bons. Os nossos orgulhos são o nosso mais baixo denominador comum.

Os Estados Unidos têm os seus esqueletos no armário mas presenteiam o mundo com o Spirit e a Opportunity.
Nós temos a vivência quotidiana, desmesurada, insidiosa, do lamaçal do futebol, que é o reflexo do que somos: o actual grande pisando os demais do alto da sua soberba, os ex-grandes esperando um novo D. Sebastião que lhes permita a vingança, os eternos pequenos dobrados e subservientes, as instituições capturadas, histéricas e desrespeitadas, o público mais alheado do que divertido.

Em todos, uma falta de respeito pelas regras do jogo, de urbanidade no comportamento e de comprometimento pelo trabalho.
Assim sendo, como cereja no topo do bolo, que melhor que o Euro?

Felizmente, há depois disto uma defesa do Baía, uma finta do Deco, um golo do Derlei, e recuperamos a noção do que é importante: essa emoção única e tão forte, a alegria imensa que o ritual colectivo traz, o sentimento de pertença e de partilha do sucesso, do sonho azul e branco.

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