sábado, agosto 22, 2009

Capítulo 1 - "Café?"

[nota prévia: havia, ou melhor, "há mas" uma introdução]

Encontrava-me com ela nas traseiras de um autocarro abandonado. As rodas pareciam enormes e nós, claro, pequenos. Falávamos de dúvidas, sensações e intromissões. "Desejava ter-te conhecido", penso hoje. Quem eras, realmente? Ou melhor, quem és hoje? Na altura não existias...

Um dia, Novembro com sol, o autocarro começou a andar. Olhei para ti, sorri e saltei. Para dentro, claro. Onde iria? Era inevitável. Andava devagar. Tinha estado parado tanto tempo! Depois, começou a acelerar. Sentei-me confortavelmente ao lado do volante. Ninguém conduzia. Era um tipo simpático e disciplinado. "Conduzir um autocarro é uma coisa séria", repetia. "É como um avião, só que mais complicado porque há mais trânsito".

Alguém sentava-se na última fila do veículo. Dormia profundamente quando eu entrei. Dormiu durante dois, três dias talvez. Depois acordou e sorriu durante muito tempo. Ninguém e eu olhávamos expectantes. "Café?"

quinta-feira, agosto 20, 2009

hoje

há tanta coisa; o pão com manteiga e a meia de leite morna; a linha e o resto; a coluna do renascido MEC; o Herman, não o José, o Kahn; o pensamento; a ideia de parar de ter ideias; o móvel "decriado"; o saudável agualusa que tem um diário; a minha memória tb necessita de um; uma casa onde se pode escrever; uma casa marcada pela leitura, não de livros, mas do que existe; o almoço e a conversa; o café na máquina que funciona cada vez melhor; o eu e o mim; o calor de lisboa; os bancos, não os de jardim; as cadeiras, não as da universidade; os arquitectos; as pessoas; os seus cérebros; as suas emoções; a ausência de um; a ausência do outro; a ausência dos dois; a presença de um; a presença do outro; a presença e interacção dos dois, cérebro e emoções.