quinta-feira, dezembro 30, 2004

Cremaster

Cremaster. Cremaster 4 e 5. De 1994 e 1997.

Cremaster 4
Que novidade.
No espectador, impele à procura (é inescapável?) de compreensão, sentido, relação de causalidade.
Talvez seja melhor não tentar e gozar apenas a beleza visual e o bizarro das situações: um homem ligeiramente cruzado com um animal, que sapateia, rodeado de ninfas, até romper o chão, enquanto duas duplas de motoqueiros cruzam a ilha de Man, dando à luz pequenas bolas de massa orgânica.
Faz sentido? E precisa?
Um tudo-nada repetitivo, em especial as cenas das motas (mas, mental note, há que visitar a ilha de Man).

Cremaster 5
Inesperada Ursula Andress, como rainha-cantora lírica, com um belo conjunto de ampolas de vidro no penteado. À la princesa Donut-Leia, da Guerra das Estrelas, apenas muito melhor, ainda para mais rodeada de uma guarda suíça de expressão oriental.
A imagem do cavalo a calcorrear lentamente a ponte, à noite, é fantástica, assim como o descanso do homem-estátua no pedestal. E que belas, as imagens dos folhos negros, dos olhos, dos reflexos, das danças subaquáticas, do recorte de um alvo corpo humano contra a noite e um cavalo negro. O esvoaçar das pombas, penteadas como se fossem pavões (eram pombas, não eram?), contra os balneários termais, apesar de truque fácil (?), merecia estar guardado em filme. E felizmente está.
Assim como as próteses de aspecto orgânico que modelam e ampliam a estranheza das criaturas (era então mesmo preciso ligar tantos fios e sucos às partes escrotais das criaturas? ah, claro, a eterna ligação próxima arte-sexo-vida-morte...).
A música foi feita à medida mas, estranhamente, perde-se as palavras. Deve ser do play-back. Ou do húngaro. Ou de nenhum.

E, bem, o nome é tão bom que quase basta por si e não me espanta que venha servindo desde os anos 90. Diga você também: Cremaster. E, lembre-se, tem 10 anos.
E veja: http://www.cremaster.net/

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